[034] Dos multiversos
Histórias sobre o multiverso estão na moda. A questão que fica é: por quê?
TL;DR: Uma introdução desnecessária (como sempre);
Tergiverso longamente sobre a origem do conceito de multiverso;
Citações, sugestões de leitura, um poema do Pessoa;
Um pouco sobre Marvel e DC e como ajudaram a popularizar o conceito de múltiplas realidades;
Por fim, a tentativa de desvendar o por quê.
Eu ia começar este texto cheio de vênias, falando sobre como vai ser difícil escrevê-lo (para mim) e lê-lo (para você), mas mudei de ideia.
Não é a primeira vez que publico aqui uma ideia que parece ter uma fundamentação complexa, profunda, mas que não sou capaz de arranhar muito além da superfície. Já aconteceu antes, está acontecendo agora, vai acontecer de novo.
Acostume-se. É o que temos.
Além do mais, essas coisas vêm fermentando na minha cabeça há algumas semanas e preciso trazer para cá e tentar organizar, ainda que mal e porcamente, em um texto. Porque transcrever nossos pensamentos nos ajuda a identificar as falhas, os vãos, os desvios desnecessários, o momento em que nossa presunção de conhecimento se perde na vastidão da nossa ignorância. Tudo isso.
Portanto venha comigo. Acho que o tema é interessante e acho, acima disso, que isso pode te dar algumas coisas nas quais pensar. Mas, se não quiser, não tem problema.
Não sou teu pai, etc.
(Notável como só consigo trabalhar em dois modos: ou venho pedindo desculpas pelo incômodo, ou venho cheio de coices. É necessário desenvolver um meio-termo, Nunes. É importante saber falar sem se desculpar e também sem empurrar as pessoas pra lá, como quem toma o palanque na marra, Nunes.
Mas isso é assunto para outro texto.
Talvez para a terapia.
Que eu não faço.
ENFIM!)
Creio ter sido a Juliana Cunha, mas não me lembro precisamente quando ou onde (desconfio que numa thread no twitter), que escreveu certa vez uma coisa da qual eu já não lembrava que lembrava, mas que foi resgatada pela minha memória: ela dizia se perguntar “O que eu ainda não vejo e esse livro está tentando me mostrar?” ao ler obras de novos autores.
Ou seja, um dos aspectos mais interessantes ao acompanhar a literatura contemporânea é identificar fenômenos sociais ainda incipientes, questões das quais muitas vezes nem os próprios autores se dão conta e cuja relação com essa espécie de “membrana” que é o zeitgeist só ficará realmente clara daqui a algum tempo, mas que, já agora, atravessam a produção literária corrente.
Nenhum ser humano é absoluto, vive no éter e existe dissociado da humanidade. Por consequência, a arte – não apenas a literatura – jamais trará em si essas características (absoluta, isolada, em-si-mesma). Como bem estabeleceu o nazistinha, o ser humano é um ser-no-mundo, e é impossível que essa relação não transpareça naquilo que produzimos, em maior ou menor grau. Nada do que fazemos, dizemos ou somos é. Tudo é em relação a algo.
Acontece nos filmes, acontece na vida, acontece na TNT com os livros.
Ao olharmos em retrospecto, é “fácil” identificar essas correlações. É “fácil” entender como, por quê, onde e quando os livros do Dostoievski se encontram na história do pensamento russo e do pensamento humano, por exemplo. Também podemos enxergar como diferentes movimentos criativos nasceram e, com certa segurança, posicioná-los em relação às transformações que ocorriam na época.
Como um exemplo (ao qual pretendo voltar mais tarde), a respeito da predominância do sobrenatural e do tema do duplo na literatura do séc. XIX, Karl Ove Knausgard escreveu o seguinte:
"(…) Não é por acaso que o eu romântico, que transborda de si mesmo, o gênio e o único, surge no início do século XIX, junto com o princípio do industrialismo: as pessoas tornam-se mais numerosas e mais iguais, o único e o local se enfraquecem, o conceito do homem massificado começa a aparecer e, contra essa ameaça ao indivíduo, insurge-se o grande eu. As histórias góticas de horror escritas nessa mesma época dizem respeito ao mesmo fenômeno. (…)
O temor de que o idêntico atravesse a fronteira que o separa do único é o temor de que o inumano atravesse a fronteira que o separa do humano, e de que a não vida atravesse a fronteira que a separa da vida. As fronteiras criam diferenças e as diferenças criam sentido, e é por isso que o medo primordial do homem é o medo de uma ausência de diferença, em que sua essência própria é destruída. Encarar a importância descomunal atribuída pelo romantismo ao eu único, ao qual pertence também a construção do gênio, como uma forma de ao mesmo tempo compensar a ausência de deus no mundo e resistir à pressão exercida pela crescente ideia de uma ausência de diferença, é sem dúvida uma especulação, mas nem por isso uma especulação injustificada (...)"
Hoje compreendemos por que esse tema parecia tão atraente a escritores e leitores da época, mas não seria ousadia demais presumir que os autores então não enxergavam a questão como vemos agora, apenas trabalhavam com angústias que traziam dentro de si e que imaginavam que renderiam boas histórias. Dostoiévski foi um deles, ao escrever O Duplo (1846).
No caso dele, não foi um acontecimento isolado. O homem era uma esponja de zeitgeist, talvez o escritor que melhor capturou a condição humana em meio ao volátil horizonte social do séc. XIX. Em Os Demônios (1871), elencou com uma clareza assustadora vários elementos já existentes na Rússia que iriam culminar na Revolução de 1917. Camus fala sobre isso em um breve ensaio ao fim de O Mito de Sísifo.
O véio Fiódor não era vidente, sensitivo, nada disso: apenas um homem atento ao seu meio, à sociedade e, em especial, às relações cada vez mais difíceis entre uma massa de camponeses forçada ao servilismo – enquanto vivia da mão para a boca, sem perspectiva de futuro –, uma aristocracia anacrônica e com pouco (ou nenhum) valor para o coletivo e uma burguesia ansiosa por tomar o lugar destes e conduzir aqueles pelo cabresto.
A Revolução Francesa (até então um acontecimento “recente”) e todas as ebulições sociais que ela desencadeou no séc. XIX também eram elementos fortes demais para serem ignorados. Tudo o que Dostoiévski fez foi humanizar esses componentes na forma de personagens e relacioná-los. Obviamente sem saber qual seria o futuro da Rússia, mas já pressentindo uma movimentação em determinado sentido e buscando dar um alerta.
A literatura é permeada de textos que são percebidos como alertas, 1984 e Admirável Mundo Novo sendo talvez os mais famosos, provavelmente porque os avisos que esses autores tentaram passar ou foram ignorados ou usados como guia (mais uma vez: assunto para outro texto).
Mas mesmo quando o livro não está no gênero da ficção científica ou das distopias, o que um autor se propõe a fazer é criar representações de elementos que enxerga ou sente no mundo de uma forma que considere plausível e movimentá-las dentro de um cenário mais ou menos conhecido a fim de causar uma fagulha que prenda a atenção do leitor. É simples assim e complexo desse tanto.
Ultimamente, a fagulha mais brilhante na qual os autores conseguem pensar parece ser a questão do multiverso.
Essa pulga chegou até a parte de trás da minha orelha graças à minha atual leitura, um livro chamado 4 3 2 1, do Paul Auster, que ganhei de presente do Gustavo no meu aniversário ano passado.
O livro conta as histórias de Archie Ferguson. E digo as histórias, e não a história, porque o autor não se satisfez com uma narrativa: estabeleceu logo quatro, criando uma espécie de Multiverso de Archie Ferguson.
O primeiro capítulo relata a origem em comum entre essas quatro versões: a chegada do avô paterno de Ferguson aos Estados Unidos no começo do séc. XX, o casamento com a avó, o nascimento de três filhos – sendo o pai do protagonista o caçula –, a morte do avô, a infância, adolescência e início da vida adulta do pai; então uma breve história de vida da mãe, a mais nova de duas irmãs, um pouco da vida pregressa do avô e da avó maternos, daí como o pai e a mãe de Ferguson se conheceram, se casaram e, por fim, o nascimento personagem que vamos acompanhar pelo resto do livro.
Esse capítulo é o 1. Depois dele, todos os outros recebem uma casa decimal: 1.1, 1.2, 1.3, 1.4. Daí 2.1, 2.2, 2.3, 2.4, 3.1, 3.2, 3.3, 3.4… e o livro segue assim. Os capítulos terminados em .1 contam uma história, os terminados em .2 contam outra história e o mesmo acontece nos .3 e .4.
A partir disso, podemos cair em discussões mais ou menos metafísicas a respeito dos elementos condutores da trajetória particular de cada um, pré e pós determinismo, questões de causalidade e destino, mas não quero – ainda – analisar a história e a abordagem do autor (embora, quanto à abordagem, talvez diga algumas palavras, mais à frente).
O conceito de multiverso não é algo novo.
Se formos buscar na literatura, Cicero (106 – 43 a.C.!!) escreveu em Academica:
Você acreditaria que existem inúmeros mundos... e que, assim como estamos neste momento perto de Bauli e olhando para Puteoli, também existem inúmeras pessoas em locais exatamente semelhantes com nossos nomes, nossas honras, nossas realizações, nossas mentes, nossas formas, nossas idades, discutindo o mesmo assunto?
Apesar do tema ser encontrado em livros de filosofia desde os pré-socráticos, a ciência só passou a se debruçar sobre esse assunto a partir do séc. XX. Ironicamente, a princípio a alegoria do gato na caixa com o frasco de veneno do impronunciável Schrödinger foi uma resposta irônica e intencionalmente absurda a uma discussão com Einstein.
Fórmula vai, fórmula vem, a ideia foi aceita como plausível. Vieram as interpretações de Copenhagen, de Bohr, e por fim Hugh Everett trouxe a interpretação dos diversos mundos. A partir de uma proposição “absurda”, os cientistas identificaram uma nesga de verdade. O clássico fenômeno científico conhecido como Eita Porra! (nomenclatura minha).
Antes que os cientistas passassem a levar o assunto a sério, escritores de ficção já operavam esse conceito. Leibniz, depois Schopenhauer, por alto. Mas, durante e após o período napoleônico, foram os franceses que abraçaram a ideia por meio de narrativas históricas absolutamente fictícias, exercícios criativos de “O que aconteceria se…?” que precederam em mais de um século O Homem do Castelo Alto, de Philip K. Dick: “Napoleão e a conquista do mundo, 1812-1832”, de Louis Geoffroy (1836), “A História do que Nunca Aconteceu”, de Joseph Méry (1854), “Ucronia – A Utopia da História”, de Charles Renouvier (1876) e “A Eternidade Pelos Astros”, de Louis-Auguste Blanqui (1872).
Também antes do Felipe Piroca, em 1944, no formidável Ficções, Jorge Luis Borges já trazia essa ideia da interação entre indivíduos e a realidade gerando desmembramentos e a realidade se dividindo como um fractal no conto O Jardim das Veredas Que Se Bifurcam.
No excelente artigo The Multiverse as Muse, Jordana Cepelewicz cita ainda o livro Criador de Estrelas, de Olaf Stapledon, este de 1937, e o descreve da seguinte maneira:
O romance segue um narrador sem nome em viagens incorpóreas pelo cosmos, que o levam ao Criador de Estrelas, o criador do universo – ou multiverso, já que, como se vê, o universo do narrador não é o único. Pelo contrário: é um de uma série de experimentos do Criador de Estrelas: ele começou com um mundo “aespacial” consistindo apenas de música e gradualmente mudou para criações mais complexas, o universo do narrador (também o nosso) localizando-se em algum lugar no meio-termo.
(…)
Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro —
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.
(…)
Álvaro de Campos, Na Noite Terrível.
Se você é leitor de quadrinhos, essa ideia da exploração de realidades paralelas não é novidade também. A Marvel começou sua linha What If…? (BR: O Que Aconteceria Se…?) em 1977. A DC, em 1988, publicou a primeira história do selo que depois passou a se chamar Elseworlds (BR: Túnel do Tempo), Gotham By Gaslight (BR: Gotham City 1889), uma história na qual Batman tenta prender Jack, o Estripador, que está atacando em Gotham City.
Tem uma animação bem legal, inclusive. Disponível na HBO+ e na Locadora Sueca™.
Em 1985, Marv Wolfman e George Perez produziram Crisis On Infinite Earths (BR: Crise nas Infinitas Terras), uma história que imaginava o Universo DC como uma infinidade de realidades paralelas em choque, na tentativa de organizar a zona do caralho que era a linha do tempo da editora.
Os quadrinhos – e seus derivados: animações, o MCU e as as tentativas (pobres, porcas, canhestras) da própria DC de estabelecer um universo cinematográfico – têm uma forte parcela de culpa nessa popularização, é claro. Mas a coisa é maior do que isso. Parece uma resposta a um anseio e vem se tornando onipresente, assim como a temática pós-apocalíptica foi há alguns anos. Até uma série brasileira, chamada Mila no Multiverso, está disponível na Disney+.
Seria ingenuidade achar que essa vulgarização do tema acontece sem motivo ou apenas “porque sim”. Obviamente existe o efeito CAPITALISMO, mas é inegável que, para além disso, essas histórias têm um apelo. Para entender isso é necessário tirar os olhos dessas nossas distrações baratas – que são divertidíssimas! – e estragar nossa felicidade perguntando:
Por quê?
Talvez isso aqui seja a resposta. Isso aqui sendo, no caso, a internet, e não esta porca newsletter. O conceito de multiverso é, em resumo, a ideia de fragmentação: de que somos infinitamente divididos a cada decisão que tomamos, de que para cada curva que fazemos à esquerda ou à direita, também fazemos à direita ou à esquerda. Somos simultaneamente uma multiplicidade potencial, reduzida a uma unidade real que traz, em si, a angústia de tudo aquilo que poderia ter sido. Até aqui, entretanto, não existe novidade: a literatura sempre tratou um pouco sobre a angústia e a infelicidade de ter que lidar com as inevitáveis consequências das próprias escolhas.
Podíamos equilibrar essa angústia por meio de mecanismos mais ou menos eficientes: pensamento positivo, otimismo, um apego à realidade objetiva dos fatos a despeito da realidade insubstancial das possibilidades… Negação, recalque, estoicismo, religião. E havia, pairando sobre isso tudo, uma percepção da realidade que, se não era “única”, ao menos não era, como agora, tão múltipla.
Não existem fatos é uma afirmativa muito comum em cursos de comunicação. Significa que todas as coisas estão sujeitas a interpretação e análise. Como eu disse lá no começo: nada é, as coisas são em relação a outras coisas. A tecnologia, entretanto, ampliou drasticamente nosso universo referencial de comparação para fins de classificação e análise.
As redes sociais, e o fenômeno da pós-verdade, desenvolveram em nós uma visão niilista quanto à realidade. Para cada lado que olhamos, cada aplicativo que abrimos, nos apresenta uma realidade diferente. Somos expostos a informações absolutamente contraditórias o tempo todo. Temos que filtrar cada informação que recebemos, pois pode ser um fato ou apenas um texto muito convincente (e conveniente) escrito por alguém com a intenção de manipular a opinião pública em nome de uma agenda particular. Assistimos horrorizados bolsonaristas, trumpistas, anarcocapitalistas, terraplanistas, antivacinas e outros seres igualmente sórdidos vivendo em uma espécie de realidade paralela, inexpugnável, impérvia ao bom-senso e à verdade.
E, do lado de lá de suas bolhas, eles olham para nós com essa mesmíssima sensação.
E se para cada lado que olhamos vemos uma realidade diferente, se cada aplicativo que abrimos nos apresenta uma realidade diferente, o que nos resta, além da adaptação? É natural que cada ambiente que frequntamos exija de nós um conjunto mais ou menos claro de quais são as normas sociais vigentes por ali: ninguém é a mesma pessoa em uma reunião de trabalho, em um almoço de família e em uma mesa de bar com amigos de infância. Mas essa compartimentalização da nossa persona era voluntária. E flexível.
Mas esses ambientes se multiplicaram. E agora nós somos nosso próprio duplo. Vivemos em constante comparação entre quem somos de fato e aquilo que aparentamos ser. Em uma extrapolação desse conceito, Ted Chiang escreveu o fantástico A ânsia é a vertigem da liberdade, aqui em inglês, que pode ser encontrado em português no Expiração.
Facebook, Twitter, LinkedIn, Reddit, Tumblr, Instagram, WhatsApp… As redes sociais transformaram regras sociais em leis não escritas, porque nada mais é passageiro: nossas más escolhas são permanentes. Estamos a um clique de viralizar com alguma fala impensada e infeliz, e essa cagada, aparentemente esquecida depois de uma semana, ao mesmo tempo permanecerá como uma lâmina voltada para nosso pescoço, podendo vir à tona a qualquer momento em que um estranho com boa memória recorrer ao Google.
A responsabilidade que temos sobre nossos atos tornou-se, ao mesmo tempo, nula (“É só a internet”) e esmagadora. Somos anônimos em uma multidão mas podemos ser subitamente lançados à infâmia. Mensurar o significado das nossas ações, e o que elas objetivamente significam, representam, como alteram – se é que alteram – o mundo tornou-se impossível. A massificação que trouxe o pavor do idêntico durante a revolução industrial, conforme mencionado por Karl Ove Knausgard, agora é global e, para além disso, controlada por empresas e termos de serviço que podem definir o que você pode dizer e para quem.
O mundo não é mais uma coisa só. Nós não podemos mais ser uma coisa só. Nossa “identidade”, o “eu”, é menos, cada vez menos. Somos influenciados ou influenciadores. Isso dificulta nossa noção de agência, mina nossa confiança em tudo o que vemos, lemos, assistimos, ouvimos. E essa inconsistência da realidade, somada a uma massificação social global, não nos permite perder de vista nossa própria irrelevância.
O Multiverso é, ao mesmo tempo, um suspiro de alívio e um grito de desespero: tudo o que está acontecendo já aconteceu e tornará a contecer infinitas vezes; nada do que fazemos tem valor algum, e ao mesmo tempo tudo é determinante para a nossa realidade; mas nossa realidade é apenas uma dentre outras, infinitas; porém é a nossa, e essa nossa versão, só uma entre infinitas outras, é a que temos.
É a que somos…
…mas ninguém existe com um propósito. Ninguém pertence a lugar nenhum. Todo mundo vai morrer. Vamos ver TV!
Não é só isso, sempre há algo mais a ser dito, mas por enquanto é isso. Se você não reparou no momento da inscrição, a descrição desta newsletter é a seguinte:
“Rabugice, literatura, cinema, nerdices, divagações e a constatação do absurdo nosso de cada dia”
Sou o primeiro a afirmar que é um tanto enganosa. As edições são quase que exclusivamente rabugice e divagações. Os outros tópicos surgem pontualmente, apenas quando tenho algo consistente, fundamentado ou minimamente interessante que me permita abordá-los, o que é raro.
Hoje tentei compensar essa falha.
Não sei se entendi metade da newsletter. Faz tempo que não leio uma "divagação" tão densa haha. Mas curti o paralelo que você fez entre a popularização do conceito de multiverso com a nossa tentativa de entender e se adaptar à realidade atual de uma vida que existe de forma múltipla e ao mesmo tempo insignificante por causa da internet. Ainda não vi outras teorias a respeito, mas se achar, compartilho com certeza.
Li seu texto que começou basicamente com um pedido de desculpas e depois fui acompanhando todos os multiversos que devem ter se aberto em sua mente pra tocar em tantos assuntos e textos e livros em cada parágrafo. E agora entendendo seu interesse nos xadrez 5D que também é uma mini metáfora para as consequências das nossas escolhas (e deve ter sido por isso que eu escolhi logo esse seu texto pra ler, obviamente). A complexidade da vida e dos seres humanos é algo que, se a gente for parar para pensar e analisar, vamos enlouquecendo. Entendo justamente essa ânsia por compreender a multiplicidade de coisas, as abas que vão abrindo na nossa mente, mas de vez em quando eu fico tão cansada de ter que ser várias personas diferentes e ao mesmo tempo nem sei mais qual é a minha essência e sei que isso pode ser insignificante se comparado ao universo de alguma coisa.
Gostei muito da forma como você escreve, Pedro. Vou acompanhar sua newsletter, viu?! Beijo pra tu