[027] Oscaritos - 2 de π
TL;DR: Reclamo novamente do filme do Almodóvar. A mesma reclamação de antes, mas estruturada de outra maneira, talvez.
Falo um pouco de Power of The Dog.
Um link para meu perfil no letterboxd.
Reclamo das minhas (in)capacidades como crítico cinematográfico.
Falo um pouco de The Tragedy of Macbeth.
No fim, um link para uma planilha de Excel para quem quiser conferir os filmes do Oscar se orientar melhor.
Não sei se fez sentido o que tentei dizer aqui ontem anteontem.
Não sei se faz sentido o que tento dizer aqui.
Não sei se de fato tento dizer alguma coisa ou se apenas escrevo a esmo e, após uma certa quantidade de caracteres ou palavras, penso "That'll do, Pig." e dou a edição por encerrada.
Não sei.
Mas a questão com o filme do Almodóvar - sim, retornarei a isso - é que, veja, não me parece correto, justo, adequado que alguém apenas mencione por alto, de passagem, um dos períodos mais deploráveis da história recente de um país e suas nefastas consequências, depois afaste-se desse tema para tratar de questões outras e então, ao final, retome o assunto, novamente superficialmente, sem elaborar, sem desenvolver, sem apresentar sobre aquilo não digo nem conclusão, mas algum pensamento, algum raciocínio, qualquer coisa.
Porra, que finja que o assunto tem importância de fato, dando a ele tempo para que se apresente e se aprofunde. No mínimo.
Mas na realidade houve um silenciamento (termo muito em voga e que desprezo profundamente, mas que, neste caso, acredito que cabe) da questão, seguido de uma afirmação de que tal questão não deve ser silenciada.
Bom, se você quer alegar que a história não pode ser ignorada, acredito que uma forma boa de fazer isso é não ignorando a história por uma hora e quarenta minutos.
Mas isto sou eu e meus pensamentos cartesianos.
AGORA PARA ALGO COMPLETAMENTE DIFERENTE!
Ontem assisti Power of the Dog.
Ataque dos Cães, em PT-BR, se não estou enganado.
(Nenhum cão ataca ninguém, porém, e lamento pelo spoiler)
Considerei um filme nota 3, de 5. Tal e qual Madres Paralelas, também 3 de 5 (seguindo o sistema de avaliação do Letterboxd).
Benedito Cubembaixo (rs) está bom no papel, mas não esperava diferente. Kodi Smit-McPhee, que eu presumia desconhecer, mas que depois fui saber (graças ao IMDB) que é o menino na adaptação d'A Estrada, do Cormac McCarthy (e se puder ler o livro, LEIA! E se puder ver o filme, VEJA!), enfim, Kodi Smit-McPhee também está ótimo. Kirsten Dunst idem. Talvez seja a melhor dos três.
Porém achei o desenrolar da história, os acontecimentos, a animosidade entre os personagens, tudo sutil demais para o período no qual se situa. Não imagino um rancho em Montana na década de 1920 como um lugar para hostilidades sutis e violências simbólicas. Senti falta de ataques declarados, mas compreendo a postura da diretora e roteirista de não querer reduzir a história a mais uma num rol de representações de violência contra a comunidade LGBTetc (direi apenas "éle-gê-bê-têticétera daqui por diante).
Eu sei, eu sei. EU SEI! Eu sou muito chato. Não deveria me preocupar com essas coisas, talvez uma tentativa de crítica cinematográfica devesse mirar outros aspectos, e não essa ponderação sobre escrita do roteiro e condução da história.
Mas é o que temos.
De todo modo, alguém comentou no Letterboxd que esse é um filme que se torna mais interessante quando você o assiste pela segunda vez. A ver.
E hoje assisti...
A Tragédia de Macbeth.
De um filme protagonizado por Denzel Washington e Frances McDormand você não pode esperar outra coisa além de grosseria. As atuações desses dois monstros são tão consistentes que minha vontade era assistir todos os diálogos duas vezes: uma pra reparar 100% nele, outra pra observar 100% ela. Não tem olhar, torção de boca ou gesto que não tenha significado. Aliás, maravilhoso como o olhar desconfiado típico do Denzel Washington caiu como uma luva no usurpador nojento Macbeth.
(E foi uma aposta segura do diretor de elenco que Macduff fosse, ele também, interpretado por um homem negro. Imagina só se não daria merda? Certeza que daria merda.)
Enfim. O elenco entrega atuações fantásticas. Joel Coen, trabalhando sem o irmão Ethan (talvez "os irmãos Coen" sejam meu diretor vivo favorito, mas não sei o que pensar de um só), fez escolhas curiosas: o filme é em preto e branco e numa proporção de aspecto de 1.19:1, ou seja, um filme quadrado. Quando Robert Eggers fez a mesma coisa em O Farol eu entendi melhor essa escolha: ao restringir o tamanho da tela, o diretor consegue transmitir um pouco a sensação de claustrofobia que o cenário causa nos personagens. Já em Macbeth... não sei. Talvez para aumentar o foco nas atuações? Menos espaço para o vagar dos olhos? Os cenários são bem minimalistas e recebem pouca atenção, salvo em dois momentos distintos, quando as bruxas aparecem (encontraram a atriz mais perfeita que já vi para esse papel).
Não achei que foi uma má escolha, mas admito que me intrigou. E fico me perguntando se não estamos diante de mais uma daquelas tendências que se espalham e acabam ficando descaracterizadas, tal como a câmera tremida em cenas de ação ou os bullet times de Matrix.
Deixo Joel Coen e seu Macbeth com um 4/5. E se você gostar, e se nunca tiver lido / visto outras adaptações da peça, recomendo não só a leitura do texto (curtinho e fantástico!), mas também a adaptação de 2015 do Justin Kurzel, com Michael Fassbender como Macbeth e Marion Cotillard como Lady Macbeth.
Ainda me espanta que o mesmo homem seja capaz de cometer aquela adaptação de Assassin's Creed e de dirigir um filme tão formidável baseado em Shakespeare...
E, por fim, ontem criei uma planilha no Excel pra controlar os filmes que já vi, os que ainda não vi e pra registrar em que categoria cada um deles concorre. Se você quiser o arquivo, está disponível aqui.
E hoje, depois de dormir e acordar, porque não sou de ferro, pretendo ver DUNE.
Deseje-me sorte. Falamos em breve.
Edições anteriores? Estão aqui, meu patrão.
O blog? Não atualizo há meses, mas... tá aqui.
Tem umas porcarias no Wattpad também, especialmente meus pobres atentados à literatura. Bem aqui (talvez você tenha que se cadastrar).
E o último conto que cometi está aqui.